segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Teoricidades em QR CODE





Acima o endereço do Teoricidades no formato QR Code.
Para quem não sabe do que se trata:

O QR Code (ou Código de Barras em 2D), é uma matriz ou código de barras bi-dimensional, criado pela empresa Japonesa Denso-Wave, em 1994. O QR vem de Quick Response, pois o código pode ser interpretado rapidamente, mesmo com imagens de baixa resolução, feitas por cameras digitais em formato VGA como as de celulares. O QR Code é muito usado no Japão.


sábado, 20 de setembro de 2008

Guaranteed

On bended knee is no way to be free
Lifting up an empty cup, I ask silently
All my destinations will accept the one that's me
So I can breathe...

Circles they grow and they swallow people whole
Half their lives they say goodnight to wives they'll
never know
A mind full of questions, and a teacher
in my soul
And so it goes...

Don't come closer or I'll have to go
Holding me like gravity are places that pull
If ever there was someone to keep me at home
It would be you...

Everyone I come across, in cages they bought
They think of me and my wandering, but I'm never
what they thought
I've got my indignation, but I'm pure in
all my thoughts
I'm alive...

Wind in my hair, I feel part of everywhere
Underneath my being is a road that disappeared
Late at night I hear the trees, they're
singing with the dead
Overhead...

Leave it to me as I find a way to be
Consider me a satellite, forever orbiting
I knew all the rules, but the rules
did not know me
Guaranteed.

(Humming)

GARANTIDO
Suplicar de Joelhos não é o caminho para ser livre
Levantando uma taça vazia, eu pergunto
silenciosamente.

Todo meu destino ira aceitar o que esta em mim
Então eu posso respirar

Círculos que crescem e todas as pessoas engolem
Metade de suas vidas eles dizem
boa noite para suas
esposas eles nunca irão saber

Uma mente cheia de perguntas,
e um professor em minha alma.

E assim vai...

Não se aproxime ou eu terei que ir
Segurando-me como a gravidade
são lugares que puxam

Se alguma vez houve alguém que manteu em casa
Seria você...

Todos me encontraram, em gaiolas que compraram.
Eles pensam de mim e meus vacilos,
mas eu sou o que eles nunca pensaram.

Eu tenho a minhas indignações,
mas sou puro em todos os meus pensamentos.

Eu estou vivo...

Vento em meus cabelos,
me sinto parte de todos os lugares.

Abaixo meu caminho esta começando a desaparecer.
Tarde da noite eu ouço as arvores,
elas estão cantando com a morte

Sobrecarga...

Deixe me encontrar um jeito de ser.
Considere-me um satélite, sempre orbitando.
Eu conheço todas as regras,
mas as regras não me conhecem.

Guarantido...


INTO THE WILD

No Ceiling
Comes the morning
When I can feel
That there's nothing left to be concealed
Moving on a scene surreal
No, my heart will never, will never be far from here

Sure as I am breathing
Sure as I'm sad
I'll keep this wisdom in my flesh
I leave here believing more than I had
And there's a reason I'll be, a reason I'll be back

As I walk the hemisphere
I got my wish to up and disappear
I've been wounded, I've been healed
Now for landing I've been, for landing I've been cleared

Sure as I am breathing
Sure as I'm sad
I'll keep this wisdom in my flesh
I leave here believing more than I had
This love has got no ceiling

SEM TETO

Vem a manhã
Quando eu posso sentir
Que não há nada a ser ocultado
Me movendo em uma cena surreal
Não, meu coração nunca, nunca estará longe daqui

Certo como estou respirando
Certo como estou triste
Manterei essa sabedoria na minha carne
Saio daqui acreditando em mais do que antes
E há uma razão pela qual, uma razão pela qual estarei
de volta


Enquanto caminho o hemisfério
Tenho vontade de subir e desaparecer
Já fui ferido, já fui curado
E para descarregar já fui, já fui autorizado

Certo como estou respirando
Certo como estou triste
Manterei essa sabedoria na minha carne
Saio daqui acreditando em mais do que antes
Esse amor não tem teto

sábado, 5 de julho de 2008

Na BR-3

Por Raphael Cassou
“A gente corre na BR-3
A gente morre na BR-3
Há um foguete
Rasgando o céu, cruzando o espaço
E um Jesus Cristo feito em aço
Crucificado outra vez
E a gente corre na BR-3
E a gente morre na BR-3
Há um sonho
Viagem multicolorida
Às vezes ponto de partida
E às vezes porto de um talvez
E a gente corre na BR-3
E a gente morre na BR-3
Há um crime
No longo asfalto dessa estrada
E uma notícia fabricada
Pro novo herói de cada mês.”

BR-3: Música de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar


Cena de BR-3 no rio Tietê em São Paulo.

Existem pontos em comum em uma cidade planejada, uma cidade fronteiriça e um bairro periférico da maior cidade do país? Partindo desta indagação o Teatro da Vertigem iniciou a sua pesquisa em 2004 em busca da nova peça da companhia, o espetáculo BR-3.

O Teatro da Vertigem notabilizou-se por apresentar suas peças em espaços que fogem ao convencional. O espaço utilizado pode ser hora uma igreja (Paraíso Perdido, 1992), um hospital (O Livro de Jó, 1995) ou um presídio (Apocalipse 1:11, 2000). Antonio Araújo, diretor do grupo, acredita que a força dramática de seus espetáculos residem na potencialidade que os espaços inusitados trazem à encenação. Além disso, a forma como ele divide a autoria dos espetáculos com seus atores, dramaturgos e demais criadores merece destaque. O processo de criação é marcado por longas fases de pesquisa que servem de laboratório de experimentação para toda a equipe.

O mais recente trabalho do Teatro da Vertigem – BR-3 – foi o resultado uma extensa verificação dos pontos que marcam a identidade ou a não-identidade nacional de três lugares distintos, porém unidos por um mesmo radical – “BR”. Brasilândia, bairro periférico da cidade de São Paulo foi o primeiro local escolhido pelo grupo. Nesta localidade os artistas entraram em contato com a comunidade e tentaram entender como esses moradores se sentiam em relação à uma identificação nacional. O que pode ser percebido é que há um grande sentimento de não pertencimento por parte daquela comunidade num conceito macro de cidadania. Os habitantes desta comunidade sequer possuíam a noção de periferia, quiçá o de identidade nacional. Os artistas que se deslocaram para Brasilândia propuseram oficinas artísticas para os moradores com o intuito de tentar se inserir no pensamento e na vivência desta comunidade.

Bernardo Carvalho, dramaturgo do Vertigem, relata em seu texto “ Eu vivo neste mundo” o contato feito por ele, dentro da proposta de vivenciar o dia-a-dia de Brasilândia. A Bernardo coube a tarefa de visitar uma igreja evangélica local. Sua incumbência acabou culminando em uma das cenas mais interessantes de BR-3. Carvalho relata que ao entrar na tal igreja com a finalidade de apenas observar o culto e analisar o comportamento dos freqüentadores, acabou se envolvendo em uma situação inusitada. Ele acaba como o único espectador presente à celebração e é coagido de forma agressiva pelo pastor e a evangelista a se converter à religião.

“(…) Sempre achei que as igrejas evangélicas tinham vingado no Brasil por terem assumido o vácuo deixado pelo Estado entre os chamados excluídos. Nunca tinha me passado pela cabeça que a estratégia é a do medo e da coersão, a mesma usada pela igreja católica em meio a barbárie da Idade Média, sendo que agora nem precisava haver religiosidade. Quem entra em busca de acolhimento espiritual é recebido com ameaças. Do lado de fora estava ruim? Seja bem-vindo, aqui dentro não é diferente.
Eu estava irredutível. O pastor apelou: “Deus criou a autoridade. Não basta obedecer à polícia lá fora. Tem que obedecer ao pastor e à evagelista aqui dentro, representantes da autoridade de Deus”. Ou seja: este é o mundo do terror em que você sobrevive acuado entre a autoridade do tráfico, da polícia e da igreja. “Contra essas coisas não há lei.” Nem a quem recorrer.
Já fazia mais de uma hora que eu estava ali. O pastor me mandou fechar os olhos de novo. Me levantei e saí, enquanto ele praguejava:”Você não pode sair. Não fez a oferta!”.(…)”

O segundo passo do trabalho do Teatro da Vertigem foi percorrer, durante quarenta dias e mais de quatro mil quilômetros de estrada, cruzando o país unindo o três pontos investigados. O fim da jornada se deu em Brasiléia, cidade no interior do estado do Acre, fronteira com a Bolívia. Nesta localidade a trupe do Vertigem pode conhecer uma das regiões mais híbridas do país no que se refere à identidade cultural, tanto religiosa, quanto na língua esta região resiste a uma identidade estável. O ponto alto da viagem culmina no Centro Daimista Santo Alto de mestre Irineu, onde os atores e técnicos da equipe participaram de uma cerimônia do Daime.

Na passagem por Brasília, o destaque ficou por conta do que Bernardo Carvalho apontou como “ Disneylândia mística”. Isso porque a cidade é pontuada pela diversidade religiosa e por abrigar inúmeras seitas que cultuam desde a deusa greco-romana Diana até a mistura de candomblé com cultos indígenas.

Deste caldeirão de experiências ecléticas nasce a dramaturgia de BR-3. O local escolhido para a encenação, até mesmo para não fugir à característica do Vertigem, foi o leito do, poluído, rio Tietê em São Paulo. Sílvia Fernandes em “Cartografia de BR-3” a esse respeito aponta:

“(…) a ocorrência simultânea de diversas cidades no mesmo espaço urbano, procedimento que a dramaturgia de Bernardo Carvalho acentua no texto de BR-3 e a direção de Antonio Araújo intensifica no Tietê, ao criar uma espécie de heterotopia no percurso espetacular, justapondo uma série de lugares estranhos uns aos outros, estranhamento potencializado pela deterioração do rio. Brasília associada ao monumental e aos viadutos, Brasilândia abrigada sob as pontes e Brasiléia dispersa nas margens são espaços heterodoxos, forçados a conviver no mesmo leito-estrada, e absolutamente outros em relação às cidades reais a que se referem e de que falam. Filtrados pelo olhar coletivo e deformados por essa modalidade contemporânea de representação, fragmentária e explodida, tornam-se lugares de “desvio”, irreconhecíveis em sua identidade original.(…)”


O ROTEIRO DE BR-3

Temporada carioca de BR-3. Riocenacontemporânea 2007.


Jovelina, grávida de um filho, deixa o Nordeste para procurar o marido que trabalha na construção de Brasília, em 1959. Ao saber de sua morte no canteiro de obras do Congresso Nacional, e a conselho de uma médium local, Zulema Muricy, embarca em um ônibus com destino a São Paulo. Muda de vida e de nome, e em dez anos passa a ter o comando do tráfico no bairro da Brasilândia, agora sob o pseudônimo de Vanda. Tem dois filhos que se envolvem amorosamente em uma relação incestuosa, Helienay e Jonas, herdeiro dos negócios da mãe. Convertido por Evangelista, Jonas passa a ser membro da igreja local e se casa com uma fiel, com quem tem dois filhos, Patrícia e Douglas. Em 1980, Vanda é assassinada, em uma disputa familiar a mando do Dono dos Cães, um antigo policial interessado no controle da área e agora amante de Helienay. Jonas é preso e mantido no cárcere pelo pastor do bairro, comparsa do ex-policial, que lhe revela o destino da mãe e a suposta morte dos filhos em um incêndio criminoso, parte da mesma ação de extermínio de sua família, planejada para evitar uma possível vingança. No entanto, Evangelista descobre o cativeiro de liberta Jonas. Sem saber que os filhos foram salvos, ele parte para uma longa viagem pelo país e funda uma seita em um seringal nas proximidades de Brasiléia. Em 1997, dezessete anos depois de ser adotado e criado no estrangeiro, Douglas volta a Brasilândia à procura da família. Orientado pela Evangelista, parte em busca do pai na fronteira do Acre. Quarenta dias depois, sua irmã Patrícia foge de um reformatório e é forçada a cuidar de Helienay, agora drogada e decrépita, de quem ouve sua própria história. Ao saber da identidade de Patrícia, o Dono dos Cães, que tomara conhecimento das intenções de Douglas, decide matá-lo usando a irmã como instrumento. Convence a menina, que não o conhece de que o Dono dos Cães foi para a fronteira com o propósito de matar seu pai. Patrícia não sabe que o suposto matador é, na verdade, seu irmão Douglas. O reencontro de Douglas com os filhos é o desfecho da trama.



VISÃO PESSOAL DE BR-3



Os viadutos paulistas convertidos em Congresso Nacional.


Era uma noite fria de domingo na capital paulistana e estávamos lá, em frente ao Memorial da América Latina, no bairro da Barra Funda em São Paulo, um grupo de cerca de 100 pessoas a espera dos ônibus da produção do Teatro da Vertigem que nos levaria até o local da encenação da mais recente peça da trupe, BR-3. A expectativa era grande afinal, não é sempre que se tem a oportunidade de se assistir a um espetáculo dentro do rio mais poluído do país, o rio Tietê.
Aquela seria uma oportunidade única, pois seria a última apresentação de BR-3 em São Paulo, pois a produção não tinha condições de continuar a se apresentar no Tietê devido a problemas técnicos e orçamentários para manter a encenação.

O ônibus chegaram pontualmente no horário marcado. Embarcamos e a tensão aumentou, isso porque não sabíamos direito de como seria assistir a uma peça de teatro dentro de um rio. Teríamos que colocar os pés na água? Sentaríamos na margem do rio?
E a sujeira? E a poluição? O odor? Tudo isso passava pela minha cabeça no trajeto.
Chegamos em um pátio, no que parecia ser o local da administração do rio. Era um local deserto e escuro. Não dava para enxergar muita coisa.Descemos do ônibus e fomos “ abandonados” ali naquele local. Alguns minutos ali parados sem saber para onde ir e em seguidas escuto tiros ao que parece de revolver. Seria esse o início da peça? Como morador da cidade do Rio de Janeiro, a pergunta não me pareceu tão estapafúrdia. Para minha sorte era sim a apresentação começando. Fomos então encaminhados para uma embarcação que estava ancorada em um pequeno cais por uma mulher que se vestia tal qual uma executiva, ao menos era o que me parecia. Mais tarde fiquei sabendo que se tratava da personagem Evangelista. Entramos no barco e nos acomodamos nas cadeiras, mas isso era algo que seria impossível de fazer, se quiséssemos acompanhar a peça no seu todo.
As cenas ocorriam em todos os lugares. Na parte de frente do barco, nas laterais, no fundo e fora do barco, lógico.
As cenas eram todas conduzidas por um barqueiro em uma lancha que servia de “guia” para nossa embarcação. A cada nova cena, éramos posicionados em um novo cenário que se multiplicavam ao longo do rio. Fazíamos, ao meu ver, uma espécie de via crucis, pois a sensação que se tinha era a de estarmos passando por estações semelhantes às vividas na paixão de Cristo. Visualmente, os cenários eram muito bonitos, mesmo construídos com materiais simples, se encaixavam perfeitamente à encenação. Tudo contribuía para a grandiosidade da peça. Concordo com Sílvia Fernandes que diz em seu texto Cartografia de BR-3. Ela afirma que os detritos e a deterioração do Tietê, potencializam a ação dramática. É impossível ficar indiferente, em todos os aspectos, quando se está dentro do rio mais fétido e poluído do país. Tudo incomoda, até para narizes menos sensíveis o odor acaba por te incomodar em algum momento e esse elemento só reforça o clima que o Teatro da Vertigem quer instalar em seus espectadores. Mas mesmo assim, há algo de poético neste ambiente de degradação.
Outro dado que me foi extremamente marcante, foi a habilidade do ator que representava o barqueiro. Isto porque além de atuar, ele ainda tinha que se preocupar com a condução da embarcação.
Fiquei muito grato pela oportunidade de experienciar algo tão diferente do cotidiano teatral, O Teatro da Vertigem conseguiu fazer com que nos descolássemos do fato de estarmos dentro do rio Tietê e, através da sua montagem, nos transportar entre as três BRs. Mostra de competência e de Teatro contemporâneo da melhor qualidade.

Desembarque ao fim da apresentação de BR-3. Rio Tietê, São Paulo. Maio de 2006.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



CARVALHO, Bernardo de. Eu vivo nesse mundo. Teatro da Vertigem : BR-3. Org. Roberto Audio e Silvia Fernandes. São Paulo. Perspectiva, 2006.
FERNANDES, Silvia. Cartografia BR 3. Teatro da Vertigem : BR-3. Org. Roberto Audio e Silvia Fernandes. São Paulo. Perspectiva, 2006.
FERNANDES, Silvia. Notas sobre dramaturgia contemporânea. Teatro contemporâneo e narrativas. Revista O percevejo. Ano 8. N.9, 2000. Departamento de teoria do teatro, PPGT, Unirio.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Walking in No Man's Land

“Não sei resumir nenhuma das minhas peças. Não sei descrever nenhuma. Só sei dizer foi isto o que aconteceu, foi isto o que disseram, foi isto o que fizeram.”

Harold Pinter



No Man's Land (2007). By American Repertory Theater


Harold Pinter dirigindo No Man’s Land (2001).


Por Raphael Cassou



Este ensaio tem como propósito apontar algumas das características utilizadas por Harold Pinter na construção de sua linguagem dramatúrgica, usando como base o texto No Man’s Land.
Harold Pinter nasceu em 1930 em um subúrbio pobre de Londres, ao norte do Rio Tâmisa. Iniciou sua carreira artística como ator em 1950 sob o pseudônimo de David Baron. Em 1957 escreve sua primeira peça The Room. Ao todo já escreveu mais de 30 peças, roteiros e esquetes para teatro, cinema e televisão, que foram traduzidas e encenadas por todo o mundo. É um dos mais importantes renovadores do teatro moderno. Em 2005 foi agraciado com o prêmio Nobel de Literatura.
Segundo o editor e tradutor inglês, Eric Kahane:

"O teatro de Harold Pinter revela um universo singular, cómico e aterrador, feito de sub-entendidos, mal-entendidos ou puros equívocos. Nele observa-se, como se fosse ao microscópio, personagens que vegetam confusamente, de quem quase nada se sabe e que, de repente, explode num confronto em que as palavras são armas mortais. Estamos no reino do falso para se atingir uma verdade que é ainda mais falsa. As perguntas que se colocam não são aquelas que nos vêm à cabeça e a resposta, ou a recusa de responder limita-se a aumentar o abismo da incompreensão. O pudor torna-se violência, o sorriso ameaça, o desejo impotência, a vitória desfaz-se."

Através da leitura do texto Terra de Ninguém torna-se possível estabelecer certas nuances marcantes que caracterizam a dramaturgia pinteriana. A forma pela qual a introdução de pausas e silêncios exercem forte influência nas falas das personagens e servem de fio condutor das ações, é um bom exemplo.
Terra de Ninguém (No Man’s Land, no original) foi escrita em 1974 e produzida em 1975 por Peter Hall, sendo apresentada no Old Vic (então casa do Royal Nacional Theatre) e estrelada por John Gielgud, como o sórdido e calculista Spooner e Ralph Richardson como o recluso Hirst. Esta produção foi levada à Broadway em 1976 e filmada para a televisão no mesmo ano.
Sua maior remontagem foi em 1992, no Almeida Theatre (posteriormente transferida para o West End) e foi estrelada por Paul Eddington como Spooner e o próprio Pinter como Hirst.
Em 1994, Jason Robards ( conhecido no cinema por filmes como Todos os Homens do Presidente e Filadélfia) interpretou Hirst e Christopher Plummer (A Noviça Rebelde) no papel de Spooner. Esta montagem, dirigida por David Jones, valeu uma indicação ao Tony Awards para Plummer.
Em 2001, novamente no Nacional Theatre, Spooner foi interpretado por John Wood e Hirst por Corin Redgrave sob a direção de Harold Pinter.
Terra de Ninguém, foi levada à cena em 2007, nos Estados Unidos, pela American Repertory Theater, sob a direção de David Wheeler no Loeb Drama Center.
Este texto apresenta quatro personagens masculinos. Hirst, um homem de aproximadamente 60 anos, Spooner também da mesma faixa etária, Briggs, homem por volta dos 40 anos e Foster, com cerca de 30 anos. A ação se passa na sala da casa de Hirst, um escritor de sucesso que vive recluso e afastado do contato com o mundo exterior em uma espécie de retiro voluntário. Spooner vem a seu encontro na tentativa de convencer o outro a participar de um evento literário promovido por ele. O visitante é contemporâneo de Hirst, os dois foram colegas em Oxford na década de 30, entretanto Spooner não alcançou a mesma fama que seu anfitrião. Briggs e Foster aparecem como empregados de Hirst: o primeiro é uma espécie de empresário/mordomo e o segundo é um jovem aspirante a escritor que nutre uma grande admiração por seu patrão e que faz as vezes de assistente e secretário particular. A missão de ambos é justamente proteger Hirst das investidas do sórdido Spooner e de manter seu chefe em seu estado de reclusão, procurando de todas as maneiras afastar Spooner de seus intentos. Para Spooner retirar Hirst de seu contato com o mundo exterior significa ter a possibilidade de retomar a sua carreira literária e ele habilidosamente consegue, através de um jogo de palavras intenso, driblar Briggs e Foster. E é neste embate de palavras que se estabelece a relação entre Hirst e Spooner. Muito dos pensamentos e das falas daquele são desconexas; isso é mostrado de forma ambígua, pois em nenhum momento há a certeza absoluta de que os saltos de lógica de Hirst são de fato verdadeiros ou apenas um hábil jogo para afastar seu interlocutor. Essa ambigüidade é revelada pelo estado recorrente de embriaguez no qual se encontram as personagens ao longo da peça. Harold Pinter se utiliza de uma cena inteira com as simulações de Hirst, na tentativa deste em reconhecer a figura de Spooner como seu conterrâneo de Oxford. Spooner por sua vez joga Hirst em um extravagante e perigoso jogo de reminiscências. Uma das características mais marcantes desta peça é a grande quantidade de pausas e silêncios nas falas das personagens. Isto revela que a cada investida o que se diz é criteriosamente estudado, em um fluxo de consciência das personagens que com suas falas procuram atingir mais fundo o seu oponente. É notório durante toda a peça os “estados de alma”, os “fluxos de emoção” e a falta de lógica nas quais se encontram principalmente Hirst e Spooner. Este por querer levar adiante seus planos e aquele em manter-se firme em suas convicções. Em dado momento Spooner chega a implorar ao outro uma oportunidade, como é observado neste trecho:

Spooner (para Hirst): Deixe-me viver consigo, ser seu secretário.
Hirst: Anda aqui uma varejeira? Escuto um zumbido.
Spooner: Não.
Hirst:
Está a dizer que não.

Spooner:
Sim.

Pausa
.

Hirst:Peço-lhe...que me tome em consideração para o cargo. Se eu estivesse usando de fato como o seu, o senhor ver-me-ia sob uma luz diferente. Sou extremamente hábil com comerciantes, bufarinheiros, angariadores, freiras. Posso manter-me em silêncio quando desejado ou, quando desejado, ser sociável. Posso discutir qualquer tema à sua escolha – o futuro da nação, flores selvagens, os Jogos Olímpicos. É verdade que conheci tempo difíceis, mas minha imaginação e inteligência continuam intactas. O meu desejo de trabalhar não sofreu erosão...”

Na fala de Spooner observa-se claramente uma última e desesperada tentativa de conseguir alcançar seu objetivo, mesmo que isso signifique colocar-se à disposição de Hirst e servir-lhe como empregado. Spooner entende de que alguma forma sua carreira perdeu-se no tempo e ele enxerga em Hirst a possibilidade de retomar sua carreira. Em outro momento também é claro o “fluxo de consciência” de Hirst que reflete a respeito de sua condição e brinda a isso. Desta forma ele reafirma o seu status quo e conclui que a “Terra de Ninguém” é um estado de alma dele e que nada vai afastar-lhe deste caminho.

“Hirst: Mas eu escuto sons de pássaros. Não ouvem? Sons como nunca ouvi. Escuto-os tal como devem ter soado então, embora eles não soassem a nossa volta. Pausa.
Sim. É verdade. Caminho em direção a um lago. Alguém me segue, por entre as árvores. Despisto-o facilmente. Vejo um corpo na água, flutuando. Estou excitado. Aproximo-me e vejo que me enganei. Na água não há nada. Digo pra mim mesmo, vi um corpo a afogar-se. Mas estou enganado. Não há nada lá.
Silêncio.

Spooner:
Não. O senhor está em terra de ninguém. Que não se move, que nunca muda, que nunca envelhece, que permanece para sempre num gélido silêncio.
Silêncio.
Hirst:
Bebo a isso.

Bebe.”

O diálogo final da peça, como demonstrado acima, apresenta a maneira dúbia com que Pinter encerra seu texto, pois não é revelado qual será o destino de Spooner, ou mesmo o de Hirst.
Com Terra de Ninguém, Pinter reafirma suas características como autor dramático, pois mais uma vez confronta o confinamento de suas personagens a determinado espaço. Apesar da didascália inicial apontar uma sala ampla, o que se vê durante o desenrolar da ação é um ambiente extremamente claustrofóbico.
Outro ponto a se destacar na dramaturgia de Harold Pinter é o veto pela decifração: não existem verdades absolutas e, mais ainda, em Terra de Ninguém existem enigmas que não necessariamente precisam ser mostrados, nem tão poucos explicados ou esclarecidos. É característico das duas personagens principais uma valorização do passado, mas isso não define o caráter destas.
Um artifício marcante na dramaturgia pinteriana é o uso recorrente das pausas e silêncios como marca, este recurso faz com que as personagens reflitam muito antes de se expressar, cada palavra é cuidadosamente dita. A este respeito, Mireia Aragay, em seu texto Harold Pinter: Teatro, linguagem, política afirma:

“O diálogo e sua ausência – os silêncios e as pausas – constituem um campo de batalha em peça como The Room (1957), The Birthday Party (1965) ou No Man’s Land (1975), há uma luta ou negociação verbal permanente e frequentemente dolosa. Qualquer coisa que diga – ou se cale – um personagem de Pinter se encontra submetido a este princípio de poder, ao qual significa que pouco importa se é certo ou não: não se trata de verificar seu valor referencial – sua relação com a realidade, com a verdade – mas de explicar o que poderíamos chamar de sua carga pragmática, aquilo que, como afirma Pinter, sublinha a fala.”

Sobre as motivações que movem as personagens de Pinter, Martin Esslin em seu livro Teatro do Absurdo escreveu:

“É o problema da possibilidade de jamais sabermos qual é a motivação real por trás das ações de seres humanos complexos, cuja constituição psicológica é contraditória e inverificável. Umas das grandes preocupações de Pinter como dramaturgo é justamente a da dificuldade de verificação.”

O próprio Harold Pinter diz a respeito desta sua maneira de construção dramática:

“Sinto que em lugar de incapacidade de comunicação o que existe é a procura deliberada de evitar a comunicação. A comunicação entre homens é em si tão apavorante que para evitá-la há um pensamento em jogo de disparates, uma permanente mudança de assunto, que são considerados preferíveis o que está nas raízes de suas relações.”

Harold Pinter, como na maioria de suas peças, nos presenteia com personagens que se revelam aos poucos e de forma incompleta e que exprimem em suas falas aquilo que lhes vêm à mente de forma inconsciente na aparência; revelam verdades que nem sempre gostaríamos de ouvir e que espelham a vida real tal como ela se apresenta; muitas vezes com requintes de crueldade.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PINTER, Harold. Relógio D’água – Teatro III, Terra de Ninguém, p.112-113.
ESSLIN, Martin. Teatro do Absurdo. Zahar Editores, Rio de Janeiro, 3ª ed. 1968, p. 251-252.
ARAGAY, Mireia. Harold Pinter: Teatro, lenguaje, política, ADE Teatro, p. 44.
http://www.haroldpinter.org/home/index.shtml http://www.artistasunidos.pt/harold_pinter.htm

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Fluxos de Qorpo-Santo


Por Raphael Cassou


MATEUS E MATEUSA

Homem idoso que é dominado por impulso sexual incontrolável.
Mulher idosa que se irrita diante da recusa sexual do marido.
Filha mais velha que serve ao pai para proteger irmãs mais novas.
Resignação.
Nojo.
Repulsa.
Medo.
Irmãs que se aproveitam da debilidade paterna para conseguir vantagens
Inocência sub-júdice, duvidosa.
Necessidade de intercurso. Agônico, desesperado.
Infantilizado, infantil.
Bestial, bestializado.
Excrecências.
Sublimado. Sujo, proibido, pervertido.
Escancarado. Desregrado.
Exposto o lado pervertido do ser.


EU SOU VIDA, NÃO SOU MORTE

É a sua sina é a sua sorte.
Amar exasperadamente e ser correspondido
Tem um rival que é o legítimo marido de sua amada.
Ainda assim ele vai em frente.
Primeiro o meu depois o teu.
Transgressão de valores e de atitudes.
Amo mais que demais e tenho medo disso ao mesmo tempo.
Não posso com essa mulher que é um poço sem fundo de volúpia.
Quero me afastar, mas meu tesão me impede. Volto.

Sou mulher altiva e insubmissa.
Comigo ninguém pode, ninguém agüenta.
Sou puro fogo no rabo.
Sou tinhosa. Sei amar e me entregar sem pudor ao homem que amo.
Não me satifaço com o convencional quero ir ao limite de suas forças e gozar as sensações e êxtase ao máximo.
Desconheço o limite do sexo.
Gozo sem censura, sem pudor.
Fico no limited as sensações.
Entre o racional e o bestial.
Tesão agônico. Incontrolável, sem fim, desesperado.
Mer desespero ama e não sou correspondido.
Tenho um rival que me roubou o objeto de afeto.
Vou requerer meu direito como homem e marido.
Perante a sociedade e perante as leis divinas e dos homens.
Exaspera-me saber que a amada faz pouco caso do meu amor.
Grito agonizante por clemência, por mais uma oportunidade.
O ódio, a raiva, o sentimento de vingança me invade.
Vendeta!!!
Vou tomar a força o que é meu e tomar do outro aquilo que ele tem de precioso com a mulher.
Te mato filho da puta e te tiro a filha que deveria carregar emu nome.
Criança inocente? Não creio.

Amo incondicionalmente meu paizinho.
O problema é saber quem é meu paizinho.
Tenho dois.
E uma mãezinha. Que pouca atenção me dá.
Não faz mal, papai me dá em dobro.
Afinal tenho dois. Ou não?


AMARRANDO MATEUS/MATEUSA/LINDO/LINDA/JAPEGÃO.

Em uma viagem minha vislumbro EU SOU VIDA, EU NÃO SOU MORTE apresentado antes de MATEUS E MATEUSA. Apesar de serem dois contos, duas peças distintas, enxergo uma ligação/conexão entre as duas que vai além da autoria do Qorpo Santo.
É uma espécie de meta-peça, ou seja uma peça dentro da outra. Mas claro que é apenas um exercício reflexivo, uma brincadeira.
Lindo é morto por Japegão que toma Linda de volta e assume a paternidade de Manuelinha. Eles retomam o casamento perdido e Linda resignada não procura por um novo amor. O seu verdadeiro e ardente amado está morto e nenhum outro homem preencherá essa lacuna. Linda se resigna e tem com Japegão mais duas filhas.
O tempo passa e o casal envelhece junto e Linda – que na verdade se chama Mateusa – aos poucos aceita a aproximação de Japegão (que tem por verdadeira alcunha Mateus) e até aprende a tirar proveito deste para se satisfazer sexualmente.
O tempo passa, a mulher aprende a amar Mateus/Japegão e agora tem ciúmes deste que deixou de amar Mateusa/Linda há algum tempo, pois seu grande intento era reaver a mulher perdida para o rival e isso ele já conseguiu. Agora Mateus/Japegão torna-se um namorador inveterado e incorrigível e a sua fúria sexual que antes parecia adormecida ou dedica apenas para a esposa perdida se volta para qualquer mulher, inclusive as três filhas que apesar da repulsa que sentem de se aproximar do pai, se servem deste para obter vantagens como vestidos, jóias, flores e regalos mil.




terça-feira, 20 de maio de 2008

Are you an artist?

Muito verdadeiro!!!



Iron Man - O filme

Apesar do espaço ser dedicado ao Teatro, este post é pra falar do filme Homem de Ferro, que está sensacional. Filme feito pra quem gosta e é fã de quadrinhos como eu.

O texto abaixo eu "pesquei" da página do Judão.

A matéria foi escrita por Thiago Borbolla.Heróis não nascem — são construídos.

Eu acredito piamente nessa máxima. Não consigo respeitar nenhum “herói” que seja um herói de nascença, desde criança. Eu gosto de me ver nesse herói. Nem que seja no pior defeito que ele tenha, gosto de saber que eu pelo menos, por um motivo qualquer assaz bizarro, eu poderia ser aquele herói. E por eu, não quero dizer a pessoa física que vos escreve, sim todo e qualquer ser humano por aí.
Por isso que eu prefiro mais os heróis da Marvel e o Batman. Mas acho que agora tenho um cara pra gostar tanto quanto eu gosto do Deadpool (que, sabemos bem, de herói não tem lá muita coisa)… Homem de Ferro é esse cara. Tony Stark é meu ídolo.
Nunca li nada mais específico do personagem. Mas com o anúncio do filme dei uma pesquisada e gostei bastante do que li. Quando Jon Favreau (que pra mim sempre vai ser o ricaço que traça a Monica, em Friends) foi anunciado diretor, Robert Downey Jr. o principal ator… Sabe quando tudo começava a se encaixar? Até o dia em que foi exibido o trailer lá na Comic-Con. Foi esses primeiros segundos do Ferroman se mexendo que me fizeram endoidar, que fizeram toda a minha viagem pra San Diego valer a pena. Se o diretor, astro e tudo se encaixava perfeitamente, o vídeo foi a cereja do bolo, a prova de que tudo daria certo. E DEU.
Se você sentiu empolgação com algum dos vídeos, das imagens, pare de ler isso aqui agora. Sério, vá assistir ao filme, não pare pra pensar. O filme, digamos assim, é uma versão maior, mais completa e inteira do trailer. É empolgante, do início ao fim, por diversos motivos. Mulheres, explosões, vôos e ótimas tiradas de señor Tony Stark. Ele foi preso no Afeganistão e passou a ver a Stark Industries com outros olhos… Mas isso não o impediu de voltar aos EUA e pedir um Whopper, antes de qualquer outra coisa.
Aliás, a história do surgimento do herói, no filme, é um pouco diferente da original — na minha opinião, aliás, mais crível. O cara vai até o Afeganistão para demonstrar o seu mais novo projeto, os mísseis Jericó. Só que ele acaba sofrendo um atentado e é seqüestrado — cujo resgate é construir o tal do míssel pros afegãos do gripo “10 Anéis”. Ele pede uma porrada de materiais e os usa pra construir a “bateria” do ímã que impede que estilhaços de granada entrem no seu coração E da armadura que vai usar pra sair de lá, sua única salvação.
Muito mal comparado, em termos de “queda de queixo”, “surgimento de uma lenda”, “conflitos internos”, Homem de Ferro se compara ao primeiro Homem-Aranha. Mostra o surgimento do herói e nos dá aquela vontade incontrolável de SERMOS aquele cara. Dá vontade de construirmos uma armadura dentro de uma caverna, preso, e sair pisando em todo mundo; Dá vontade de aloprar com quem está fodendo com a nossa vida, sem nunca perder o bom humor; Dá vontade de ter robôs malucos trabalhando sempre em nosso favor; Dá até vontade de casar com a Pepper Potts! Mas é aí que a comparação acaba. E por melhor que seja, Batman Begins também não entra na equação. Bruce Wayne é sombrio, vingativo, um fodido. Stark não é o melhor exemplo de ser humano que temos, sem dúvida ,e pouco se preocupa com a responsabilidades que terá dali pra frente. Ele é rico, é excêntrico e faz o que quer. Só que o filho do senhor Robert Downey acabou tornou perfeito. Ele e todo o elenco — Jeff Bridges na pele de Obadiah Stane, Terrence Howard como Jim Rhodes e, surpreendetemente, Gwyneth Paltrow como Pepper Potts. Nunca entendi como ela ganhou um Oscar… Ao menos dessa vez eu a vi atuando. Ser uma mulher que a gente quer casar, com cores, no caso dela, é BEM complicado.
Mais uma vez, tudo se encaixou perfeitamente. Sem uma pontinha solta, sem ter aquele que “não agüentou”. A química entre os atores e o diretor foi perfeita… ÓTIMO pra gente, que temos um filme ASSAZ divertido pra começar o feriadão, ter em DVD Duplo, assistir a umas três vezes no cinema. Especialmente porque há diversas referências que a gente demora um pouco pra sacar. Tipo o nascimento da S.H.I.E.L.D…
Outra coisa perfeita é a trilha sonora. Começa com AC/DC e termina com Black Sabbath… Aliás, a música “Iron Man” entra no exato momento em que Tony Stark mostra que, por mais que ele tenha passado a enxergar o Mundo (e o seu trabalho) com outros olhos, ele ainda é Tony Stark. Mas o rock’n'roll não poderia ter sido escolhido pra estar em nenhum filme que não fosse esse.
Além de mostrar o surgimento de um herói, Homem de Ferro ainda nos dá duas peças que, daqui pra frente, ouviremos falar MUITO: A Marvel Studios e Robert Downey Jr. Parece que foi só deixar nas mãos de quem manda que tudo deu certo. E o Downey ressurge do Limbo para o seu maior e mais importante papel. O cara é um PUTA dum ator mas, por escolhas erradas na vida, acabou quase perdendo a chance de nos dar o seu talento. Por sorte, assim como o próprio personagem que ele interpreta, ele enxergou a tempo que o caminho que seguia não era o melhor pra ele. E, como ele diz no filme, agora é um super-herói. E isso é o máximo.
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Homem de Ferro

(Iron Man, EUA 2008)

Direção: Jon Favreau

Roteiro: Art Marcum, Matt Holloway, Mark Fergus, Hawk Ostby

Elenco: Robert Downey Jr., Terrence Howard, Gwyneth Paltrow, Jeff Bridges, Shaun Toub, Leslie Bibb, Bill Smitrovich, Nazanin Boniadi, Micah Hauptman

Site Oficial: IronmanMovie.Marvel.com

terça-feira, 8 de abril de 2008

TEATRO SEM PALAVRAS

Os atores da Cie Dos à Deux, André Curti e Artur Ribeiro em cena no espetáculo, Saudades em Terras D'Água.


Por Raphael Cassou

Uma das grandes questões que envolvem o Teatro em nossos dias é a relação existente entre a escrita e a oralidade e as suas formas de transmissão, como aponta Roger Chartier em seu livro "Do Palco à Página" no qual o autor faz um amplo estudo a respeito das transformações sofridas pelo texto e pela cena ao longo dos tempos. A questão é procurar entender a importância do texto para o Teatro e vice-versa. Durante muitos anos o teatro viveu sobre a ditadura do texto, onde se privilegiava a escrita sendo a encenação relegada ao segundo escalão. Relação esta que foi duramente questionada pelos teóricos, estudiosos e profissionais do metiê teatral ao longo do século XX. Apesar da palavra escrita ter perdido sua importância, ou melhor, ter se transformado em mais um dos elementos que compõe a encenação, ela ainda continua muito presente na grande maioria das peças que costumamos acompanhar. Raro são as oportunidades nas quais se pode perceber que o texto nem sempre é essencial a uma encenação. Eu mesmo não acreditava, até a bem pouco tempo atrás, que era possível, em Teatro, contar uma história sem a utilização do recurso textual. Esse panorama mudou quando descobri o trabalho da Cia. Dos à deux. Que em turnê pelo Brasil, realizou uma série de apresentações e workshops divulgando o seu trabalho com o Teatro Gestual. Segundo a definição de Patrice Pavis em seu Dicionário de Teatro, teatro gestual é aquele que privilegia o gestual e a expressão corporal sem, todavia, excluir a música, a fala e os mais diversos recursos cênicos imagináveis. Ainda de acordo com Pavis, este gênero procura evitar o teatro de texto, bem como a mímica. A construção da fala, da frase e da voz estão todas calcadas na utilização máxima do gesto expressivo para que se consiga atingir um determinado fim. Essa é exatamente a tônica do trabalho da Cia. Dos à deux, buscar na gestualidade todo o potencial cênico, coreográfico e dramático, aliando técnicas do teatro oriental como o Nô, o Butô e danças balinesas entre outras. A Dos à deux foi criada em 1997, na França, pelos atores André Curti e Artur Ribeiro. O nome da companhia surgiu a partir do primeiro trabalho da dupla, que teve como inspiração o texto Esperando Godot, de Samuel Beckett.
O mais recente trabalho da trupe - Saudades em Terras d'Água - aborda a temática da imigração e da condição do imigrante, e nos conta a história de uma mãe e seu filho, habitantes isolados no meio de um mar azul-infinito. As personagens vivem uma existência simples, quase arcaica. Um dia, a mãe, preocupada com a continuidade dessa vida, parte em busca de uma mulher para seu filho. A mulher vem de uma outra terra, distante. Os três aprendem a se conhecer e vão construindo seu espaço, apesar de conflitos e confrontos. Aos poucos, uma relação de afeto certamente nasce entre eles. Nada devia perturbar este equilíbrio conquistado em tempos remotos. Só que, um dia, a água que os cercava desaparece, seca. A água se transforma em terra e a partir de agora em um novo ambiente, desconhecido para os três, novos desafios se apresentam.
A peça foi concebida no ano de 2005 e, no ano seguinte, excursionou pelo Brasil em temporada, visitando diversas cidades brasileiras como São Paulo, Belo Horizonte e Santos. No Rio de Janeiro esteve em cartaz, por dois meses, no Teatro II do Centro Cultural do Banco do Brasil. Nesta oportunidade tive a imensa felicidade de conhecer e encontrar os dois atores e realizar com eles um workshop para conhecer a forma como são construídos os espetáculo da companhia e sua metodologia de trabalho. O processo de criação começa a partir da eleição de um tema por André Curti e André Ribeiro. A partir daí, começam os trabalhos de adaptação corporal, através de exercícios de teatro e dança que são repetidos à exaustão em busca da perfeição gestual.
O fato é que o trabalho realizado pela Dos à Deux revela que é possível sim contar uma bela história e não utilizar do recurso da fala. E que de maneira alguma isso indique a ausência de um texto a ser seguido. O texto dramatúrgico está presente o tempo todo da encenação, ele apenas não é verbalizado. Existe uma enorme disponibilidade corporal dos atores à serviço da teatralidade em busca da arte total, termo cunhado pelos próprios atores que associa, sem distinção, escritura coreográfica e escritura teatral, narrando uma história por meio do gesto coreografado. O gesto das personagens funciona como veículo para as emoções e os sentimentos, contribuindo para a dramaturgia.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHARTIER, Roger. Do palco à página. Trad. Bruno Pfeifer. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2002.
PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. Trad. J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. São Paulo: Editora Perspectiva, 1999.
LEHMANN, Hans-Thies. Teatro pós-dramático. Trad. Pedro Süssekind. São Paulo: Cosaf e Naif, 2007.
http://www.dosadeux.com Acesso em 05 de abril de 2008.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Navegar é Preciso...

Navegando pelo blog do Mário Bortolotto, coisa que eu faço sempre e recomendo, acabei encontrando um blog que é especializado em quadrinhos. Talvez a grande maioria da turma, não se ligue neste tipo de arte. Sim, revista em quadrinho é uma forma de arte! Tem até um nome bacana que arranjaram, ARTE SEQUÊNCIAL. Pra mim, vai continuar a ser o bom e velho gibi. Claro, que a medida que envelhecemos os interesses passam a ser outros. Uma história da Turma da Mônica já não tem o mesmo sabor que costumava ter há alguns anos, embora não deixe de ler uma que por ventura me caia nas mãos. Leio até mesmo por uma questão afetiva. Coisa de saudosismo da infância, sei lá.
Mas retomando, hoje a arte sequêncial produz alguns títulos muito interessantes voltados para nós os “adultos” e, não é a toa que o filão vem sendo explorado pelo cinema à exaustão. Exemplo disso é que só para esse ano estão programadas as estréias de The Dark Knigth, o novo filme do Batman que vai valer a pena ser visto por se tratar do último trabalho do ator Heath Ledger, falecido recentemente. E ainda as estréias de Iron Man e o novo filme do Hulk.
Ok, você pode até dizer: mas, isso é Blockbuster, filme Holywoodiano, cinema-pipoca, etc. Pode até ser, mas mesmo para quem curte um filme-cabeça os quadrinhos dão conta do recado. Digo isso porque vale conferir o filme Persépolis, que mostra as aventuras e desventuras de uma jovem iraniana que vai viver na Áustria e sente na pele o choque entre as duas culturas, a islâmica e a européia.
O fato é que não podemos negar a importância dos quadrinhos, seja no Cinema ou até mesmo no Teatro. A nossa área, o Teatro, já se valeu deste material para montagens teatrais. É o caso das montagens de Pessoas Invisíveis do Grupo Armazém e o de Avenida Dropsie da Sutil Companhia de Teatro, isso só pra citar duas que me ocorreram agora. Ambas as peças foram montadas a partir dos quadrinhos de Will Eisner, quadrinista norte-americano que ficou conhecido mundialmente por sua série de quadrinhos do detetive-herói Spirit, lançados na década de 1940 e que faz sucesso até hoje. Em Avenida Dropsie e em Pessoas Invisíveis, Eisner retrata as suas impressões pessoais e experiências vividas por ele mesmo durante sua infância nos bairros pobres de Nova York, em meio às comunidades judaica, irlandesa e italiana. Quem teve a felicidade de ler essas histórias antes que elas fossem transpostas para o teatro teve uma grata surpresa ao reconhecer no palco as excelentes versões em carne e osso das personagens do autor norte-americano.

Mas todo esse texto foi uma boa desculpa para duas dicas:
http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/index.html (o tal blog que eu encontrei na página do Bortolotto) e
http://www.willeisner.com/ (em inglês) para conhecer um pouco do trabalho do mestre Will Eisner.

Ps.: Ainda na página do Mário Bortolotto (www.atirenodramaturgo.zip.net) você vai encontrar dois trechos do livro "Reino do Medo” do escritor Hunter Thompson que vale a pena ler.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Momentos da Cia EnvieZada em Curitiba


Costelada na casa da Marina Chaves


Descanso merecido na Igrejinha do Largo da Ordem


Divulgação de "O SONHO" no Largo da Ordem


Cia EnvieZada pronta pro show


da esquerda para direita: Luana, Raphael, Fernanda, Kamilla, Breno, Claudinha e Preta


Banner da peça no Teatro Novela Curitibanas. Noite de estréia.


Raphael Cassou, Rafael Crooz e Rodrigo Pinho: montagem do cenário






RESUMO DA TEMPORADA NO TEATRO NOVELAS CURITIBANAS (02 A 18 DE MARÇO DE 2007)

texto escrito originalmente em :20 de março de 2007

1 ª SEMANA


E chegou ao fim a nossa temporada no Teatro Novelas Curitibanas, ontem (18/03), depois de três semanas de muita correria, stress e trabalho, fechamos nossa primeira grande temporada com chave de ouro, como manda a escrita com casa cheia, gente voltando pra casa por não conseguir entrar e com a peça em um ótimo ritmo.Fomos muito aplaudidos e elogiados.

Vale também registrar a força que ganhamos do pessoal que trabalha no Novelas e deixar um abraço pra todos. Jackson, Marta, Brizola, Nardelli, Rose, Alexandre, etc. Enfim, valeu a todos que nos deram um “help” para que a Cia EnvieZada estreasse com pé direito no profissionalismo que estamos buscando.Agora novos caminhos se abrem para nós. Vem aí as quatro apresentações no FESTIVAL DE TEATRO DE CURITIBA e esperamos que seja tão boa quanto a temporada no Novelas, com casa cheia e o público presente gostando do nosso trabalho.

Abaixo segue um pequeno resumo das nove apresentações:

1ª SEMANA:

SEXTA (02/03):

Correria na montagem do cenário por causa do atraso da transportadora na entrega do nosso material. Montamos tudo rapidamente e no prazo.

Estreamos com casa cheia, o ritmo da peça foi bom, mas cometemos alguns erros na parte técnica, normal devido à emoção da estréia. Estreamos com: Fernanda, Bruno, Adriano, Felipe, Breno, Helga, Claudinha, Rafa, Cassou, Rodrigo, Dudu, Kamila, Dani, Joana, Stella e Gui. Na iluminação Drica, Luana. E ainda Jackie como reforço. E Zé na música e vídeos. E Preta dando força nos figurinos. O público gostou.

SÁBADO (03/03):

Ganhamos mais ritmo do que na primeira noite e foram poucos os erros. A casa também estava cheia. O mesmo elenco e com a participação do Gustavo, um amigo músico do Breno. Jackie queimou o braço no ritual. Ela encostou na panela fervendo, ficou no caminho. Depois fomos comemorar no Café do Teatro, com parte da galera. Muito bom.

DOMINGO (04/03):

Tivemos uma queda no ritmo, poucos erros, mesmo elenco. Não lotamos o Teatro, apenas umas 20 pessoas e foi por causa da chuva que caiu no fim do dia, o que espantou o público, talvez por causa disso que demos uma broxada e ainda tínhamos parte do elenco que voltaria de van para o Rio. Participação do Candiê na banda. Jackie teve que dar uma passada no Hospital pra ver o braço, nada de grave. A maioria do pessoal voltou pro Rio. Apenas eu, Dudu, Rafa, Zé, Breno, Adriano, Stella e Preta ficamos em Curitiba.



SEMANA 2 NO NOVELAS CURITIBAS

2ª SEMANA:

SEXTA (09/03):

Durante a semana além do trabalho de produção, tivemos que ensaiar o Breno em um novo papel, pois o Gui teve que ficar no Rio devido as gravações na Globo. Breno assumiu o ELE. Estava um pouco nervoso devido a esta substituição, que já era certa, mas mandou muito bem. O público foi fraquíssimo, menor que o do domingo anterior e detalhe, uma platéia difícil de convencer, estavam todos muito pouco receptivos e a impressão que deu é que não curtiram a peça. Não contamos com a força do Candiê que estava viajando. Isso de certa forma deu uma baixa na estima da galera. Fomos pra campo com o seguinte time: Fernanda, Bruno, Adriano, Felipe, Breno, Helga, Claudinha, Rafa, Cassou, Rodrigo, Dudu, Kamila, Dani, Joana e Stella. Na iluminação Luana. Ficaram no Rio: Drica, Gui e Jackie.

SÁBADO (10/03):

O Breno pegou o ritmo do ELE e mandou bem pra caramba. Fizemos uma ótima apresentação, desta vez a casa encheu e contamos com a presença da Margarida que é uma das juradas do troféu Gralha Azul. Ela perguntou por Fernanda e Claudinha. Será uma indicação ao prêmio? Quem sabe? Saímos bem contentes com o resultado da apresentação com a substituição. Tanto que fomos todos comemorar na AOCA, dançamos a noite toda e fizemos sucesso lá também, estávamos todos com a camisa da aLEda. Nota 10 pra noitada. Foi nosso prêmio pela boa apresentação. Durante o dia Fernanda reclamou de cólicas nos causando uma certa apreensão, por causa de sua gravidez.

DOMINGO (11/03):

Divulgação pela manhã na feirinha do Largo da Ordem. Apresentação boa, com ritmo, poucos erros e casa cheia, desta vez o público que estava presente embarcou na nossa proposta e riu e chorou conosco. Foi a última participação do Felipe conosco (nesta temporada), que não pode estar mais conosco devido a compromissos. Nesta semana foi quase todo mundo de volta para o Rio, só ficaram Zé, Preta, Dudu e Stella. Eu, Rafa, Breno e Adriano pegamos a estrada logo após a peça com o carro do Zé e voltamos para o Rio, parando em São Paulo pra deixar o Adriano, em Taubaté para o Breno visitar o avô e eu e Rafa para o Rio, para resolvermos coisas da faculdade. Viagem extremamente demorada e cansativa.

SEMANA 3 NO NOVELAS CURITIBANAS

3ª SEMANA:

SEXTA(16/03):

Começamos a última semana de apresentações sob tensão total, afinal sabíamos que não contaríamos com Felipe para o POETA e que Kamilinha não poderia vir por causa de trabalho no Rio, estávamos esperando o Átila para substituir o Codeço e Jackie à Kamila. Mas aí o cara deu pra trás. Inventou uma desculpa e furou conosco. Zé saiu a cata de um ator pra dar conta do recado na última semana, saiu distribuindo torpedos pra um bando de gente e ninguém se dispôs a entrar na nossa canoa, a solução acabou sendo contar com a prata da casa e botar o Breno pra fazer o poeta. Ainda bem. Trabalho de leão para o cara estudar a personagem e pegar tudo em três dias. Como se não bastasse essa “bleuba”, surgiu uma ainda maior no meio do caminho. Fernanda foi ao médico e este a proibiu de viajar e se apresentar, ou seja, ficamos sem a INÊS. Mais uma vez a solução ficou em casa mesmo. Helga que já estava se preparando pra assumir a FILHA DE INDRA no Ceará teve que antecipar sua estréia no papel. Teve que decorar aquilo tudo em três dias. Com isso remanejamos muita gente no elenco. Helga ficou com a INÊS, Breno com o POETA, Joana passou para a PORTEIRA, eu (Cassou) pro VIDRACEIRO, Stella para a MÃE e Jackie para a BAILARINA. Gui voltou pra última semana, Candiê também. O outro ponto de tensão da noite foi o atraso no vôo da Helga que estava previsto pra chegar às 17 horas e acabou só chegando às 19:30, resultado saímos do aeroporto às 20:00 e só chegamos meia hora antes de começarmos a peça. Não deu tempo de fazer nem uma passada com Helga. Mesmo assim conseguimos lotar a casa e fazer uma bela apresentação com a nossa nova INÊS matando a pau, salvando todo mundo, segurou a onda legal. Tivemos nesta noite muita seqüela por parte do elenco. Acabamos entrando em campo com a seguinte formação: Helga. Bruno, Breno, Adriano, Cassou, Joana, Dani, Jackie, Claudinha, Stella, Dudu, Gui, Rodrigo e Rafa. Contamos ainda com a presença da Drica que voltou pra fazer a luz e o Bruno fotógrafo pra registrar o fim de semana da EnvieZada. Fim de noite com comemoração na AOCA.

SÁBADO (17/03):

Tivemos um bom tempo pra dar uma passada com a Helga e o Breno, pra eles ganharem mais confiança nas novas funções. Dudu se excedeu na noite anterior e resultado: soro na veia e visita turística ao Hospital do Cajuru, nada demais, acho que ele aprendeu a lição (ou não?), no dia seguinte nem podia olhar pra cerveja. A apresentação foi ótima com Helga mais à vontade na personagem e Breno também. O público foi o melhor de todos. Riram de todas as nossas piadas, Bruno afiadíssimo no OFICIAL mandando todas as deixas em cima. Foi uma apresentação muito boa e casa cheia com todo mundo participando conosco.

DOMINGO(18/03):

Ùltimo dia e última apresentação desta temporada no Teatro Novelas Curitibanas. Durante o dia fomos fazer a divulgação de O SONHO na feirinha do Largo da Ordem, para as nossas apresentações no FESTIVAL DE TEATRO. Foi muito boa, a nossa presença lá cantamos a ciranda por toda a feira e divulgamos bastante. Depois fomos para uma costelada que nos foi oferecida pela Ma Chaves, amiga do Adriano, que viu a peça e se encantou conosco. Foi ótimo, uma tarde muito bacana, onde nos esbaldamos com futebol, piscina e churrasco. À noite, a apresentação foi uma despedida de gala. Cerca de 20 pessoas além da cota de lugares, assistiram à peça no chão e, além disso, voltaram pelo menos umas 30 pessoas que não conseguiram ingressos. A apresentação em si foi muito boa apesar de pequenos e imperceptíveis erros. O público nos brindou com uma participação ativa e nos ajudou a fechar com chave de ouro nossa história no Novelas Curitibanas. Após a apresentação, desmontagem de cenário que durou até aproximadamente uma da manhã. Sem problemas e com eficiência. Desta vez, a maior parte do elenco ficou em Curitiba, voltaram apenas Dani, Claudinha, Drica e Bruno fotógrafo. Para a semana devemos contar com a volta de Kamilinha, Fernanda, Luana e ainda a presença da Sâmara.

O próximo resumo será da nossa participação no Festival de Teatro de Curitiba, no Espaço Cultural Falec, dentro da Mostra FRINGE.

Poesia, amigo

texto originalmente escrito em:12 de maio de 2007


DIVULGANDO.....

Esta poesia é de autoria do meu grande amigo-irmão de Curitiba, Rafael Alencar Furtado. Resolvi postar aqui pra mostrar o talento do rapaz.
Espero em breve poder conferir em livro editado o trabalho do Rafa com seus poemas.


Não precisa me dizer
Aonde anda seu coração
Não me precisa me dizer
Que escreve outra canção
Não precisa me dizer,
Então, não diga não.

Diga somente
O quanto foi bonito
Ter me escrito em guardanapo
O quanto foi sentido
Me ter cuspido a pó e trapo
Diga somente
Que me esqueceu
Que o nosso amor
Ainda é seu
E que o leva em seu peito
meu leito do que já morreu.

Não precisa me dizer
O amanhã já doeu



"O SONHO" em Curitiba/Pr

Texto originalmente escrito em: 03 de março de 2007

Estreamos bem, apesar de todos os contratempos que tivemos com a entrega em atraso do cenário e correrias de produção, acabou dando tudo certo. Cometemos pequenos errinhos, mas isso se deu ao espaço que ainda nos é desconhecido e ao pouco, ou melhor nenhum tempo hábil pra fazermos um passadão. Mas creio que agradamos o díficil público curitibano e creio também que teremos casa cheia nos próximos dias.

Eis aí o serviço:

LOCAL: Teatro Novelas Curitibanas - Rua Carlos cavalcanti 1222.

DATA: de 02 a 18 de março - sexta a domingo

HORÁRIO: sextas e sábados 21 hs, domingos 20 hs

ENTRADA: uma lata de leite em pó.



Al Pacino em: Looking for Richard (1996)


Agora o inverno do nosso descontentamento foi convertido em glorioso verão por este sol de York, e todas as nuvens que ameaçavam a nossa casa estão enterradas no mais interno fundo do oceano. Agora as nossas frontes estão coroadas de palmas gloriosas.
As nossas armas rompidas suspensas como troféus, os nossos feros alarmes mudaram-se em encontros aprazíveis, as nossas hórridas marchas em compassos deleitosos, a guerra de rosto sombrio amaciou a sua fronte enrugada.
E agora, em vez de montar cavalos armados para amedrontar as almas dos temíveis adversários, pula como um potro nos aposentos de uma dama ao som lascivo e ameno do alaúde. Mas eu, que não fui moldado para jogas nem brincos amorosos, nem feito para cortejar um espelho enamorado. Eu, que rudemente sou marcado, e que não tenho a majestade do amor para me pavonear diante de uma musa furtiva e viciosa, eu, que privado sou da harmoniosa proporção, erro de formação, obra da natureza enganadora, disforme, inacabado, lançado antes de tempo para este mundo que respira, quando muito meio feito e de tal modo imperfeito e tão fora de estação que os cães me ladram quando passo, coxeando, perto deles.
Pois eu, neste ocioso e mole tempo de paz, não tenho outro deleite para passar o tempo afora o espiar a minha sombra ao sol e cantar a minha própria deformidade.
E assim, já que não posso ser amante que goze estes dias de práticas suaves, estou decidido a ser ruim vilão e odiar os prazeres vazios destes dias.
Armei conjuras, tramas perigosas, por entre sonhos, acusações e ébrias profecias, para lançar o meu irmão Clarence e o Rei um contra o outro, num ódio mortífero, e se o Rei Eduardo for tão verdadeiro e justo quanto eu sou sutil, falso e traiçoeiro, será Clarence hoje mesmo encarcerado devido a uma profecia que diz será um "G" o assassino dos herdeiros de Eduardo. Mergulhai, pensamentos, fundo, fundo na minha alma.